Sanfoneiro é o termo usado no Brasil para designar aquela pessoa que, em Portugal, é vulgarmente chamado de acordeonista. Este músico é muito comum no Forró que é um conjunto de estilos musicais relacionados e formam um tipo de música/dança tipicamente brasileira, que tem raízes na música tradicional europeia mas principal e particularmente na portuguesa. Este nome terá origem na redução da palavra 'forrobodó', ou será um anglicismo de 'for all'... independentemente da origem as parecenças do ambiente forrozeiro com a MTP (Música Tradicional Portuguesa) desde o Malhão do Norte ao corridinho do Algarve e ao Bailinho da Madeira.
Um dos mais conhecidos sanfoneiros portugueses (se não o mais conhecido) é o Quim Barreiros. Este grande artista (filho de pai brasileiro e mãe portuguesa), do qual sou fã desde pequeno, é um dos principais embaixadores da MTP, cantando (com seu sotaque nortenho) para o mundo (não só mas também) êxitos do famoso "forró brasileiro de duplo sentido" quase sem se perceber a fusão de tão ténue que é a fronteira musical entre o forró e o seu congénere português.
Nas festas de estudantes (Latadas e Queimas das Fitas), nos 'bailes das terriolas' e no estrangeiro (para os emigrantes), Quim Barreiros anima a malta como ninguém, faz reviver e imortaliza a MTP.
Numa entrevista ao mangualdeonline:
«MO -(...) Temos hoje aqui milhares de pessoas, onde é que(...) vai buscar a inspiração para as suas canções?
QB - Só... ao bacalhau!!!»
Também se pôde assistir numa entrevista da TVI, salvo o erro no dia 17-08-2006, sobre este artista em que ele dizia, entre outras coisas, que era músico, cantor, compositor, condutor, etc. do Quim Barreiros, portanto um polivalente!
Bem, na realidade, grande parte dos seus êxitos é música trazida do forró, que já existia muito antes de ser um sucesso pela voz e acordeão do QB.
«O acordeão, aliás, marca uma certa fronteira entre os artistas, estando os que o usam (Quim Barreiros, Emanuel...) mais próximos dos ritmos, melodias e temas tradicionais portugueses. Não deixa de ser curioso que o musicólogo português José Alberto Sardinha tenha dito numa entrevista recente ao jornal Expresso: «Há um fenómeno que merecia um grande estudo que é o caso do Quim Barreiros: um cantor tradicional que herdou toda a tradição da música minhota e que cria de acordo com os parâmetros que lhe foram fornecidos pela tradição. Só que ainda ninguém reparou nisso... Ele tem criações onde, por exemplo, se identifica perfeitamente a estrutura musical do malhão do Norte que ele recriou. Com letras, em parte, fornecidas pela tradição. Aquela do "bacalhau", se se for ao Leite de Vasconcelos, está lá, é uma quadra popular do fim do século XIX!».» (do que parece ser de um texto do jornal Blitz)*
A verdade é que há um punhado de êxitos do Quim Barreiros que eu não consegui (ou ainda não consegui) encontrar no forró brasileiro... E isso pode significar que algumas das músicas são de sua própria criação/autoria/composição... Não vou dizer (dizendo) que ele plagia as músicas nem que ele não pagou os direitos de autor e por isso não tem direito de as usar, mas o sucesso dele deve-se a alguns compositores (quase de certeza) brasileiros, pois os êxitos do QB já eram cantados por forrozeiros e grupos de 'forró de duplo sentido' como por exemplo:
- Amazan, Ferro na Boneca cantam "A Cabritinha";
- Frank Aguiar, Gino & Geno, Rio Negro & Solimões, etc. cantam "A Garagem da Vizinha";
- Genival Lacerda canta "O Gato Tico", "Eu Comi a Sobra", "Dor de Dentes";
- Zenilton canta "Bacalhau à Portuguesa", "Vendor de Fruta", "Rio das Pedras", "Meu Casamento", "Deixei de Fumar", O Grilo Dela";
- Sandro Becker canta "Já Fui de Todas", "A Picada da Cobra".
(Continua...)
Referências/links:
* in
http://www.mangualdeonline.com/seccao.php?id=4467&o=ler&sec=18
Cheers
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