18 dezembro, 2007

'Salvem os anormais!'


Gostava de levantar aqui uma questão relativa a uns clichés que, por vezes, me arranham o ouvido de tão preconceituosos que são. De vez em quando ouve-se: 'Este gajo passou aqui tão depressa, e se fosse uma criança a sair de casa?'... ...e se fosse um adulto? Bem, se fosse um adulto, talvez ele próprio, sabendo que a humanidade é inconsciente, tivesse uma atenção especial ao sair de casa. Se não tivesse essa atenção, então teria parte da culpa. Isto se fosse alguém favorecido, ou seja, alguém pertencente à humanidade adulta, não feminina e não envelhecida. 'Salvem as mulheres e crianças!', é uma expressão que quase se transforma em 'Matem só os homens!'... os detentores legítimos do poder, os carniceiros da pátria, os inquisidores e os governantes... eles que se entendam... não ponham é os leigos no meio... aqueles que não fazem mal a ninguém! e que são desculpados à partida.

Se eu fosse um ladrão assaltante de um banco no velho e longínquo oeste..., ...já me estou a ver a entrar num banco e a dizer: 'Mãos ao alto, isto é um assalto! As mulheres e crianças e os velhinhos indefesos com mais de 65 anos por favor queiram colocar-se em fila indiana e sair ordenadamente pelo meu lado esquerdo. Quanto aos outros seus, seus... ...homens! vão ser todos chacinados!!!' e 'Pum pum!'. - Aos destrinçados... aos verdadeiros anormais, culpados, e expiadores, aqui fica o meu sincero pesar! - Agora sim! temos um mundo perfeito... Ficaram os valentes (qual Lampião), as mulheres e as crianças... Os velhinhos morrerão depressa, não é preciso matá-los, e as crianças que pensarem em ser homens morrem na próxima vez.. Tá tudo arrumado e ficam todos felizes!

Não quero, com esta breve estória, banalizar o esforço que se tem tido em proteger os mais desfavorecidos, no entanto não se pode também destrinçar a vida de determinada pessoa só porque ela pertence àquele grupo mesquinho e desprezível da sociedade que deveria ser não corrupto, não explorador, honesto, trabalhador, responsável, etc., etc.... aponto antes para que não seja, ao mesmo tempo, esquecido que essa atenção especial aos idosos, às crianças, e às mulheres, não substitua uma outra atenção que é a da alteridade, ou seja a atenção dada ao outro, independentemente do género e escalão etário; e para o cuidado a ter relativamente aos preconceitos, injustiças e erros que se podem cometer ao generalizar.
ATENÇÃO: Qualquer coincidência com a realidade é pura semelhança.
Deixo-vos em reflexão...

Cheers